Gadanha lá
Ela que não se faça rogada
Gadanhe o quer noutra eira
Gadanhe lá e espere sentada
Enquanto cá o trigo se joeira
Atirado ao ar duma assentada
Separa-se da palha e da poeira
Para gáudio da palavra cantada
Assim nascefarta a sementeira
Que à alma entrega o pão
Nesta nossa sina fertilizada
Por obra doutros e canseira
Que ainda sabem dizer não
Seguimos coesos na estrada
Como se fôra a vez primeira.